Amazônia - o grande desafio (III)
*Manoel Soriano Neto
Árdua é a missão de desenvolver e defender a Amazônia. Muito mais difícil, porém, foi a de nossos antepassados em conquistá-la e mantê-la.
General Rodrigo Octávio / 1º Comandante Militar da Amazônia (1968/1970)

Diga-se que as guerras visam, mormente nos dias hodiernos, à conquista de territórios com plenas condições de habitabilidade, à obtenção de recursos naturais e/ou matérias primas, em especial o petróleo e minerais estratégicos, além da água doce, limpa e potável o cobiçado ouro branco. Esta água é um recurso finito e vital, pois dela depende, por óbvio, a sobrevivência humana, pelo consumo individual e coletivo, e por seu contínuo aproveitamento, especialmente na indústria e na agricultura. Impende lembrar, outrossim, nesta preliminar e necessária ambientação, que dois terços do globo terrestre são ocupados por oceanos, mares e rios; contudo, apenas 3% desse total são de água doce.
Acrescente-se que tal percentagem se torna menor ainda se forem excluídas as águas do subsolo e as existentes em estado sólido, como as das geleiras polares e dos cumes das grandes cordilheiras - as ditas montanhas de neves eternas -, pelo que, na superfície da terra, a água para uso humano, em estado líquido, é de somente 1% (!) desse todo disponível, até porque a dessalinização de águas marítimas, por sofisticada tecnologia, é por demais cara e muito pouco utilizada.
E a Amazônia é considerada, por entendidos do assunto, como a grande reserva estratégica universal de recursos hídrológicos utilizáveis, para os próximos mil anos! Sim, pois da ordem de 20% - segundo cálculos recentes - da água doce da superfície terrestre se encontram na região amazônica (lembremo-nos de que nela também existem inesgotáveis mananciais de águas subterrâneas, como no aquífero Alter do Chão), sendo essa uma estimativa assaz conservadora, consoante o entendimento de competentes especialistas, que julgam ser o percentual de 26%, bem mais correto..jpg)
.jpg)
No primeiro artigo desta série, assinalamos que tal bacia, a dos rios Solimões-Amazonas, ou simplesmente bacia hidrográfica amazônica, ou bacia amazônica, é uma das seis maiores riquezas ou tesouros da brasileira Amazônia Verde, Continente Verde ou Hileia Amazônica. De fato, tal bacia é umgrandioso mar interior, um mar fechado, ou Mare Clausum, denominado por Gastão Cruls, de Mare Nostrum Brasileiro, cujos principais rios são navegáveis por navios de qualquer calado.
O gigantesco espaço territorial ocupado pela dita bacia é integrado por um portentoso conjunto de recursos de toda ordem que convergem para o rio Amazonas (aí entendida a calha do Solimões-Amazonas). É a maior das doze regiões hidrográficas do território nacional, abrangendo os estados do Acre, Amazonas, Roraima, Rondônia, Mato Grosso, Pará e Amapá.
O rio Amazonas, o Rio-Mar, o mais volumoso e extenso do planeta, merecerá um estudo especial no próximo artigo.
* Coronel, Historiador Militar e Advogado
Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo.
Mais por este Autor:
Artigos Relacionados: