Amazônia - o grande desafio (IV )
*Manoel Soriano Neto

Por digno de nota, assinale-se um recente e importante estudo científico publicado na revista Science Advances. Segundo ele, no passado remoto (no Mioceno, de 23 a 5,3 milhões de anos atrás), a nossa Amazônia era um grande mar de pouca profundidade e salinidade, possuidor de uma fauna abundante, onde existiam peixes de todas as espécies e até tubarões. As conclusões a que chegaram os cientistas são fundamentais para as atuais pesquisas sobre a flora e a fauna, a biodiversidade, enfim, da região, eis que ela possui 20% de terras úmidas/inundáveis, em seu todo geográfico, com notáveis resquícios materiais do período mencionado.
Os rios Solimões-Amazonas, ou simplesmente rio Amazonas, como será chamado daqui para a frente, nasce, consoante novas revelações científicas, na Cordilheira dos Andes, ao Sul do Peru - e não ao Norte, como antes era entendido - , a 5.567 metros de altitude, numa das regiões mais secas do planeta, no encontro dos desertos de Nasca e do Atacama, e segue na direção Oeste-Leste até desaguar no Oceano Atlântico. Em verdade, o Amazonas origina-se no rio Ucayalli (e não no rio Marañon, como se dizia), o qual, por sua vez, provém da fonte Apurimac. Há geógrafos que propõem uma denominação única para os dois rios - o Ucayalli e o Solimões, tanto no Peru quanto no Brasil -, que passariam a se chamar de Amazonas.
No Brasil, o Solimões, depois de receber o rio Negro, próximo a Manaus, se denomina Rio Amazonas o Rio-Mar ou Mar Doce. A propósito, anote-se que na linguagem indígena, o Amazonas é chamado de Paraná-Açu, ou, em tradução livre, Rio ou Mar Grande ou Rio-Mar. Os aruaques, em seu rico fabulário, o denominam de Amaru Mayu A Serpente-Mãe do Mundo...

Este rio era anteriormente africano, mas correu para a América do Sul, após a separação dos continentes (tudo, em pristinas eras, era um único conjunto - a pangeia), e desembocava no Oceano Pacífico. Entretanto, após a abrupta elevação da Cordilheira dos Andes, inverteu o seu curso e rumou para o Atlântico. É o mais volumoso - ou caudaloso - e extenso curso dágua do planeta, como nos dá conta o conceituado INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Ele supera os rios Nilo (é cerca de 50 km maior do que este curso dágua, que era considerado o mais comprido do mundo) e Mississipi, como foi comprovado em uma expedição científica conjunta brasileiro-peruana, o Projeto Panamazônia, com o auxílio de satélites da NASA, no ano de 2007.
O potencial energético existente nesses rios é incomensurável, estando em andamento, nunca é demais repetir, megaprojetos, bem como o planejamento e a construção de usinas de pequeno porte, as ditas PCHs (pequenas centrais hidrelétricas), que vêm almejando uma maior participação na produção energética.
* Coronel, Historiador Militar e Advogado
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